Escola pública de Cajazeiras recebe projeto de democratização da cultura afro-brasileira
- Dayanne Pereira
- 11 de ago. de 2017
- 3 min de leitura
Colégio Estadual Oliveira Britto foi o primeiro a receber o projeto Áfricas na Gente – Festival de Música nas Escolas
“Áfricas na Gente - Festival de Música nas Escolas” é um projeto de democratização cultural, musicalização e cultura afro-brasileira criado pela “Rede Somus - Música Bahia” e realiza festivais de música com atividades de arte educação em 20 escolas públicas estaduais de Cajazeiras e entorno, na cidade de Salvador/BA, durante o segundo semestre de 2017.
Na última quinta-feira, 10, o Colégio Estadual Oliveira Britto, localizado em Cajazeiras, foi o primeiro a receber o projeto Áfricas na Gente – Festival de Música nas Escolas. Por um dia inteiro centenas de alunos se dedicaram exclusivamente para as atividades do projeto, como as oficinas de Quadrinhos com Fábio Haendel; Composição com Armando Lui; Poesia negra com Paretha; Percussão afro-brasileira com Charles Vianna; Voz e Canto Popular com Danilo Fonseca; Contos e Cantos afro-brasileiros com Eduardo Oduduwa e Rádio Comunitária com Dj Branco. Eles também participaram de uma Roda de Conversa, sobre Africanidade, com Eduardo Oduduwa e para finalizar foram espectadores dos shows dos artistas da Rede Somus, como a banda Coro de Cor, e os cantores Fábio Haendel, Danilo Fonseca e Victor Badaró.
O projeto “Áfricas na Gente - Festival de Música nas Escolas” tem como propósito maior enaltecer a cultura afro-brasileira e trazer reflexão sobre a importância do povo negro para a nossa cultura. Propõe a todos os envolvidos um mergulho em seu próprio cotidiano para descobrir e valorizar a influência afro cultural em suas vidas. Com isso também busca fortalecer a relação de pertencimento das crianças e jovens com seus ancestrais.
Sobre este primeiro dia de ação na escola o oficineiro de composição e músico na banda Coro de Cor, Armando Lui, conta que "foi uma experiência rica, surpreendente e que nos motiva a continuar". Para a coordenadora do projeto Áfricas na Gente e cantora na Banda Coro de Cor, Geysa Maiana, "satisfação é a palavra que define a primeira ação do projeto ‘Áfricas na Gente’ da Rede Somus. Plantamos arte com dedicação e amor; e colhemos gratidão".
A receptividade do projeto pelos alunos foi muito positiva e acolhedora. “Eu senti amor...cada olhar em busca e vislumbrando o saber, escutando e participando me fazia entender a Real importância. Esse projeto é fundamental para o encontro com a identidade e a história que deve ser contada e cantada. Sinto que o "Áfricas na Gente" está dando a sementinha para cada um plantar sua arte com a consciência de onde viemos e nos constituímos”, ressalta Danilo Fonseca, oficineiro de canto e cantor. "Foi surpreendente a receptividade dos jovens com a nossa música e o projeto como um todo. Os aplausos calorosos e a admiração nos rostos deles enquanto executávamos nossa apresentação me fez ter ainda mais certeza de que só podemos gostar daquilo que conhecemos. Se eu não tenho acesso àquele tipo de música, de arte, de atividade, como posso inseri-las em minha vida?
“Penso que esse projeto vem contribuir para a ampliação de consciência sobre o que torna a Bahia esse estado único como o seu povo", destaca o músico na banda Coro de Cor e designer do projeto Áfricas na Gente, Bruno Maiky.
Para o músico Fábio Haendel, que ministrou a oficina de quadrinhos no projeto Áfricas na Gente, “foi um dia maravilhoso, pois os jovens mostraram interesse e talento em minha oficina de quadrinhos, conseguiram fazer a atividade em grupo com muita dedicação. Logo depois no show foi muito bom tocar para tantos jovens e receber o carinho do público, a Rede Somus mais uma vez super unida e todos os funcionários do colégio foram bem receptivos, terminei o dia com a certeza de ter contribuído com minha função de arte educador, a palavra que escolhi para definir este dia é a união”.
A aluna do 2º ano B, Monique Duarte, 16 anos, conta o que sua experiência de participar do projeto, “achei um projeto bacana, além da valorização do que a África traz pra nosso cotidiano, foi um dia diferente para nós alunos, um dia de conhecimentos e interação com alunos outras turmas”.
Eduardo Oduduwa ministrou a oficina sobre Contos e Cantos Afro-brasileiros e uma roda de conversa sobre Africanidades, na oficina ele explorou a potencialidade dos alunos para produzirem os seus próprios contos a partir dos modelos apresentados de contos afro-brasileiros. “Com a utilização de dinâmicas de grupo e canções populares, teve uma boa aceitação e participação dos alunos obtendo bons resultados com a produção de uma história coletiva”, destaca Oduduwa.
Na roda de conversa sobre Africanidades, foram apresentados alguns exemplos de contos africanos que foram incorporados ao nosso patrimônio cultural afro-brasileiro e realizada uma breve explicação sobre o termo Griot e sobre o papel do contador de histórias, contando com uma boa presença de público e participação dos alunos que foram envolvidos na história através das canções.
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